Ouvi isto, em uníssono, num jantar de amigas.
Mas tem mesmo?
Ando há alguns meses em terapia (alternativa) e, em nenhuma sessão, chorei ou tive sequer vontade de chorar!
É assim tão anormal eu não chorar, nem sequer estar perto de tal, a contar os episódios da minha vida, a pensar nas minhas crises existenciais, a queixar-me dos meus defeitos ou a constatar que me faltam atingir alguns (bastantes mesmo) dos objectivos que me tenho vindo a propor ao longo dos anos?
É uma coisa assim tão estranha não ter pena de mim?
É assim tão raro saber que o que não sou (ou não fui), o que não tenho (ou não tive) depende muito mais de mim do que de terceiros? E que, exactamente por isso, não posso chorar pelas decisões que EU tenho vindo a tomar? É certo que há um factor inconsciente numa grande parte delas. Mas isso não diminui a minha responsabilidade ao ponto de chorar!
Se não tenho força de vontade a culpa é minha. E não da "pressão" do meu pai na infância ou da "condescendência" da minha mãe!
Eu sei que as teorias psiquiátricas (ou psicológicas) dizem que a infância (e os seus traumas) condicionam a vida de qualquer indivíduo. Mas também acho que depende desse mesmo indivíduo não ficar à sombra da bananeira à espera que as coisas (bananas, neste caso!) lhe caiam no colo ou então chorar porque não caíram.
Não sou exactamente aquilo que gostaria de ser. Tenho defeitos e características que não gosto e não consigo controlar (e como eu gostaria de o fazer!!!). Mas sei que poderia fazer muito mais para o conseguir!
Sou o que sou porque, em última análise, quero. Ou pelo menos não me dou ao trabalho (suficiente) para não o ser.
E vou chorar por isso??? Não!!!
Então não me lixem!!!!
Não, nem toda a gente tem (de ter) razões para chorar.
E quem tem, a maioria das vezes, não tem tempo para o fazer!
Por outro lado, há aí muita gente a chorar só porque sim. Mas principalmente, por pena... de si!